Na educação, os Blogs e Flogs são uma excelente ferramenta para publicação de idéias. A intimidade que os jovens alunos tem com o computador aliada ao potencial pedagógico dos blogs e flogs são um caminho para a construção da linguagem, a reflexão sobre a leitura e a escrita, a interação entre os sujeitos que o compõe e o objeto de estudo. O Blog e o Flog tornam-se um espaço privilegiado, pois como afirma Pierre Lévy “os novos meios de comunicação permitem aos grupos humanos pôr em comum seu saber e seu imaginário [...] o coletivo inteligente pode inventar uma 'democracia em tempo real', uma ética da hospitalidade, uma estética da invenção, uma economia das qualidades humanas”. Criar e manter um blog ou flog é uma forma de estar se inserindo em novas comunidades, colaborando com a inteligência coletiva e criando novas posturas éticas e morais dentro do ciberespaço.
Considerando alguns pressupostos teóricos, podemos afirmar que os Blogs e Flogs são um excelente espaço para o desenvolvimento da autonomia, que para Piaget, “significa ser capaz de se situar consciente e competentemente na rede de diversos pontos de vista e conflitos presentes numa sociedade”. Para chegarmos nela, torna-se necessária a superação da heteronomia, demonstrando interesse pelas atividades coletivas e regradas, respeitando mútuos acordos e construindo conhecimentos através de interações, conquistando através de sucessivas tomadas de consciência o equilíbrio ideal das estruturas do conhecimento.
A cooperação é um elemento essencial no processo de criação e manutenção dos Blogs ou Flogs, pois pressupõe a coordenação das operações de dois ou mais sujeitos. Há discussão, troca de pontos de vista, controle mútuo dos argumentos entre o sujeito que está construindo a ferramenta e aqueles que irão interagir com ela. É o tipo de relação interindividual que promove o desenvolvimento. Piaget afirma que “quando eu discuto e procuro sinceramente outrem, comprometo-me não somente a não me contradizer [...] comprometo-me a entrar numa série indefinida de pontos de vista que não são meus”. Esta troca constante entre os sujeitos contribui significativamente para a consolidação de idéias e a construção de conhecimentos.
Para Alicia Fernandez (2001), “o mais importante na experiência de aprender é o indivíduo saber que é capaz de fazer, que tem poder de aprender”. Criando um Blog ou Flog, o aluno torna-se autor de suas idéias, responsável pelas suas publicações, buscando sempre o novo, o inédito. A criatividade está embutida na busca da atenção dos outros, interagindo com novos sujeitos ele vai construindo sua identidade com prazer e se inserindo em novos contextos sociais.Devemos lembrar também que, para Wallon “a dimensão afetiva ocupa lugar central, tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto do conhecimento”. A reciprocidade entre afetividade e inteligência se dá ao longo da vida de tal forma que as aquisições de cada uma repercutem sobre a outra permanentemente, alternando preponderâncias. Então, supõe-se que o sujeito aprende mais na medida que está envolvido emocionalmente com o objeto de estudo. Podemos dizer que um aluno motivado em criar seu Blog e manter um Flog está aberto a novas aprendizagens e à aquisição de conhecimentos que irão contribuir na execução do seu projeto.
Engana-se quem imagina que os blogs e flogs são ferramentas dedicadas aos alunos. Elas servem como um excelente recurso para os professores publicarem suas idéias, suas aulas, textos preferidos ou relacionados aos conteúdos trabalhados. Eles podem se tornar espaço de discussão entre grupos afins, criando redes para a troca de experiências e debates. Através de um Flog, pode-se registrar momentos de estudos entre os alunos, inserindo fotos para compartilhar com todos.Segundo Paulo Freire, em Pedagogia da Autonomia, “ ensinar é criar possibilidades para produzir ou construir conhecimentos [...] é reforçar a capacidade crítica, sua curiosidade, sua insubmissão [...] estar predisposto à mudança, à aceitação do diferente, consciência do inacabamento [...] ensinar exige curiosidade”. Sem curiosidade, não aprendo nem ensino, diz Freire. Os professores devem ser curiosos e saber quais são as novidades que inquietam os alunos. Devem tomar conhecimento destas novidades e interagir com elas, para que passando a conhecê-las possam aplicá-las no contexto educacional.
Para que o professor possa oportunizar a aprendizagem criando um espaço favorável onde seja permitido interagir e interferir na realidade, buscando novos horizontes e novas possibilidades através de uma ação concreta sobre o conhecimento a ser adquirido, não pode esquecer que ele também faz parte deste processo quando aceita o novo através da reflexão crítica da sua prática, e faz uso dos seus conhecimentos no dia-a-dia educacional.
Os blogs e flogs são um espaço privilegiado para a organização de aulas, oficinas, pesquisas, onde pode-se sistematizar um assunto organizando-o de acordo com as necessidades especificas de um grupo (de alunos ou professores). A sua aplicação no cotidiano escolar pode se dar na forma de Blogs ou Flogs pessoais, onde os alunos escrevem e registram livremente sobre si e seus gostos, aprendendo a dominar a ferramenta. Podem ser Blogs ou Flogs voltados para os conteúdos abordados através da publicações de notícias, reportagens, pesquisas, histórias, debates ou através de criações de textos, poesias, contos, crônicas.Analisando crítica e reflexivamente a utilização de blogs e flogs na educação, podemos perceber o quanto eles são capazes de enriquecer uma aula / projeto através da publicação e interação de idéias na Internet. Basta adequá-los aos objetivos de ensino, oportunizando que o conhecimento seja construído através da interação dos recursos informáticos e das capacidades individuais, criando um ambiente favorável para a aprendizagem.
Trabalhar usando Blogs e Flogs permite que o professor consiga perceber através das informações registradas nos Blogs e Fotoblogs quais os conceitos e idéias que foram melhor compreendidos, que informações e dados precisam ser trabalhados novamente, quais as estratégias de aula que deram certo ou errado.
De posse dessas informações é possível que o professor possa repensar sua prática, modificar trechos do percurso escolhido por ele, utilizar novas ferramentas para facilitar e aperfeiçoar suas aulas, modificar a bibliografia original de seu trabalho, perceber o que seus estudantes pensam do trabalho que está sendo desenvolvido,...Para os estudantes cria-se uma ótima oportunidade de estudar com regularidade os conteúdos trabalhados nas aulas, certificar-se dos conceitos e idéias demonstrados, apresentar as eventuais dúvidas através dos próprios blogs/fotoblogs, Receber o retorno de suas preocupações on-line ou em aulas posteriores e ainda aperfeiçoar suas habilidades de registro e escrita para que se torne um profissional mais completo.
Fonte: http://atividadesdasemana4proa17.blogspot.com/2007/05/teorias-da-educao-que-do-suporte-ao-uso.html
Professor Luis Costa
Teorias da Educação que dão suporte ao uso de Blogs e Flogs
Manifestações Religiosas Populares
Os movimentos messiânicos existem no Brasil desde o período colonial, e no Nordeste do país, as manifestações culturais populares de caráter religioso são marcantes.
Os messias ocupam sempre uma posição de superioridade em relação aos fiéis, uma vez que o messias é o líder no ápice e os fiéis na base, encontrando-se um grupo intermediário a ambos, que são os discípulos mais chegados (Queiroz: 1976).
Na última década do século XIX, surgiu o movimento de Canudos, organizado em torno de Antônio Vicente Maciel, ou Antônio Conselheiro. Conselheiro fora acusado de heresia pela Igreja Católica e de monarquista pelos líderes republicanos. Conselheiro foi o principal protagonista da revolta de Canudos, no sertão da Bahia.
Pregador, peregrino, andava por regiões do Nordeste assoladas pela seca, cuidando de cemitérios, de capelas, e era seguido por milhares de pessoas que viam nele um “messias”, o qual apontava um novo mundo religioso no lugar da miséria. Conselheiro fundou, no Arraial de Canudos, o Império do Belo Monte, formando uma comunidade de miseráveis. Suas leis eram aceitas por todos e o pão era repartido igualmente. A posse da terra era comum, a propriedade restrita aos bens pessoais. Aguardente e prostituição eram proibidas. A comunidade de Canudos não aceitava o casamento civil, nem a cobrança de impostos instituídos pela República.
Em 1895, a comunidade de Canudos recebe sentença de morte e, em 1896, o governo enviou expedições militares para destruir aquela comunidade. Após o ataque de quatro expedições militares que resultou na morte de Conselheiro, sobreveio uma trégua. Em 1897 Canudos foi destruída, e 30 mil pessoas haviam sido dizimadas pelo exército (Milton:1902).
Na cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará, em torno da pessoa do Padre Cícero Romão Batista, surge um outro messias. Homem estudado, padre Cícero foi exercer seu sacerdócio em Juazeiro do Norte. Lá, ele encontrou o povo sacrificado pela longa seca de 1870 a 1880.
Em 1872, quando o Padre Cícero chegou em Juazeiro, o lugar era um pequeno arraial, mas, ao falecer em 20 de julho 1934, deixara a cidade desenvolvida, a mesma tornou-se a maior cidade do interior do Estado do Ceará. O padre Cícero incentivou o aprendizado de várias profissões, e aconselhava a quem tinha terra a plantar e ensinava como plantar. Considerado o pai dos pobres, o Padre Cícero não aceitava pagamento pelas cerimônias religiosas, sinal de que abandonara os bens materiais, divergindo em geral dos seus colegas religiosos, que recebiam pagamento pelas missas celebradas. Padre Cícero preferiu viver das doações dos fiéis, andava trajado como mendigo, o que levava os seus seguidores e admiradores a admitirem que estavam diante de um padre extraordinário.
Padre Cícero, chamado carinhosamente por muitos de “Padim-Ciço”, era conselheiro e pai protetor, daí as relações de obediência e de acatamento por parte dos romeiros. Durante o flagelo das secas, como por exemplo, em 1877 e 1879, o Padre Cícero instalou retirantes em suas terras, fez distribuição de víveres e iniciou atividades de obras públicas para que os retirantes pudessem ganhar a vida. Para realizar e manter as atividades de proteção aos pobres, o padre Cícero solicitava apoio aos governos, o que levou as autoridades a considerá-lo um porta-voz dos flagelados. De homem bom, passou a ser tido como milagroso, ao se espalhar a notícia que na comunhão dada à beata Maria Araújo a hóstia havia se transformado em sangue, isto é, no sangue de Jesus. Com a fama dos milagres, a influência do Padre Cícero aumenta, e pessoas de todos os níveis sociais, trazidas pela fé ou por curiosidade, se dirigiram a Juazeiro em busca da proteção do famoso “Padim-Cíço”. As doações aumentaram, e a abundância passou a existir na casa do milagroso Padre.
Os messias ocupam sempre uma posição de superioridade em relação aos fiéis, uma vez que o messias é o líder no ápice e os fiéis na base, encontrando-se um grupo intermediário a ambos, que são os discípulos mais chegados (Queiroz: 1976).
Na última década do século XIX, surgiu o movimento de Canudos, organizado em torno de Antônio Vicente Maciel, ou Antônio Conselheiro. Conselheiro fora acusado de heresia pela Igreja Católica e de monarquista pelos líderes republicanos. Conselheiro foi o principal protagonista da revolta de Canudos, no sertão da Bahia.
Pregador, peregrino, andava por regiões do Nordeste assoladas pela seca, cuidando de cemitérios, de capelas, e era seguido por milhares de pessoas que viam nele um “messias”, o qual apontava um novo mundo religioso no lugar da miséria. Conselheiro fundou, no Arraial de Canudos, o Império do Belo Monte, formando uma comunidade de miseráveis. Suas leis eram aceitas por todos e o pão era repartido igualmente. A posse da terra era comum, a propriedade restrita aos bens pessoais. Aguardente e prostituição eram proibidas. A comunidade de Canudos não aceitava o casamento civil, nem a cobrança de impostos instituídos pela República.
Em 1895, a comunidade de Canudos recebe sentença de morte e, em 1896, o governo enviou expedições militares para destruir aquela comunidade. Após o ataque de quatro expedições militares que resultou na morte de Conselheiro, sobreveio uma trégua. Em 1897 Canudos foi destruída, e 30 mil pessoas haviam sido dizimadas pelo exército (Milton:1902).
Na cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará, em torno da pessoa do Padre Cícero Romão Batista, surge um outro messias. Homem estudado, padre Cícero foi exercer seu sacerdócio em Juazeiro do Norte. Lá, ele encontrou o povo sacrificado pela longa seca de 1870 a 1880.
Em 1872, quando o Padre Cícero chegou em Juazeiro, o lugar era um pequeno arraial, mas, ao falecer em 20 de julho 1934, deixara a cidade desenvolvida, a mesma tornou-se a maior cidade do interior do Estado do Ceará. O padre Cícero incentivou o aprendizado de várias profissões, e aconselhava a quem tinha terra a plantar e ensinava como plantar. Considerado o pai dos pobres, o Padre Cícero não aceitava pagamento pelas cerimônias religiosas, sinal de que abandonara os bens materiais, divergindo em geral dos seus colegas religiosos, que recebiam pagamento pelas missas celebradas. Padre Cícero preferiu viver das doações dos fiéis, andava trajado como mendigo, o que levava os seus seguidores e admiradores a admitirem que estavam diante de um padre extraordinário.
Padre Cícero, chamado carinhosamente por muitos de “Padim-Ciço”, era conselheiro e pai protetor, daí as relações de obediência e de acatamento por parte dos romeiros. Durante o flagelo das secas, como por exemplo, em 1877 e 1879, o Padre Cícero instalou retirantes em suas terras, fez distribuição de víveres e iniciou atividades de obras públicas para que os retirantes pudessem ganhar a vida. Para realizar e manter as atividades de proteção aos pobres, o padre Cícero solicitava apoio aos governos, o que levou as autoridades a considerá-lo um porta-voz dos flagelados. De homem bom, passou a ser tido como milagroso, ao se espalhar a notícia que na comunhão dada à beata Maria Araújo a hóstia havia se transformado em sangue, isto é, no sangue de Jesus. Com a fama dos milagres, a influência do Padre Cícero aumenta, e pessoas de todos os níveis sociais, trazidas pela fé ou por curiosidade, se dirigiram a Juazeiro em busca da proteção do famoso “Padim-Cíço”. As doações aumentaram, e a abundância passou a existir na casa do milagroso Padre.
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